O Alienista
Simão Bacamarte era um médico, casado com Dona Evarista. Que se dedicou a estudar a loucura e a tratar os doentes mentais, morava em Itaguaí e lá organizou um hospital para os doentes,a “Casa Verde”. Simão se dedicava inteiramente aos loucos e por isso dona Evarista sofria. Vendo o caso da esposa, Simão ofereceu uma viagem ao Rio de Janeiro. A viagem aconteceu três meses depois. Foram dona Evarista, a tia, a esposa de Crispin e um sobrinho dele e ainda um padre de Itaguaí. Enquanto dona Evarista conhecia o Rio, Simão continuava os estudos. Um dia chamou Crispin e explicou uma nova teoria, que o número de loucos era cada vez maior.
Assim internou Costa, a cidade ficou muito triste porque ele era muito estimado. Ganhara uma fortuna e começou a emprestar pra todo mundo. Simão disse que um homem que disspiava todo dinheiro só podia ter perdido o juízo. Depois de Costa, o medido vivia prendendo gente suspeita no hospício . AS pessoas da cidade organizaram uma revolta, Porfírio, o barbeiro, liderou. Todos se juntaram em frente à Câmara dos vereadores para derrubar a “Casa Verde” mas uma vez no poder entra em acordo com o Dr. Bacamarte. Isso basta para que haja uma nova revolta, liderada por outro barbeiro, o João Pina. Um destacamento militar, vindo da capital, põe fim às desordens em Itaguaí e o médico pôde prosseguir seu trabalho. Com o tempo, as conclusões do alienista sobre a loucura alteram-se drasticamente. Louco não é mais o desequilibrado, mas sim aquele que exibe um perfeito equilíbrio das funções mentais. Por causa disso, Simão Bacamarte liberta os antigos loucos e passa a prender os novos, como o padre Lopes, a esposa do boticário Crispim e o barbeiro Porfírio: primeiramente preso pela inconsistência de sua rebelião; depois, por ter percebido essa mesma inconsistência, e se recusado a liderar outra rebelião...
Com alguns meses de tratamento, todos foram soltos após revelarem algum desequilíbrio, provando que estavam curados, mas o nosso alienista não fica contente: ainda não chegara a uma conclusão em suas pesquisas. Começa a desconfiar que ela não havia curado ninguém, que os pacientes só haviam revelado um desequilíbrio que já possuíam anteriormente. Com isso, desloca seu estudo para si mesmo. Certifica-se de que é a única pessoa realmente equilibrada de toda a vila e se tranca na Casa Verde, declarando-se ao mesmo tempo médico e paciente. Morre depois de alguns meses.
Biografia
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu pobre e epilético. Era filho de Francisco José Machado de Assis e de Leopoldina Machado de Assis, neto de escravos alforriados. Foi criado no morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Ajudava a família como podia, não tendo freqüentado regularmente a escola.
Sua instrução veio por conta própria, devido ao interesse que tinha em todos os tipos de leitura. Graças a seu talento e a uma enorme força de vontade, superou todas essas dificuldades e tornou-se em um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.
Entre os seis e os 14 anos, Machado perdeu sua única irmã, a mãe e o pai. Aos 16 anos empregou-se como aprendiz numa tipografia e publicou os primeiros versos no jornal "A Marmota". Em 1860, foi convidado por Quintino Bocaiúva para colaborar no "Diário do Rio de Janeiro". Datam dessa década quase todas as suas comédias teatrais e o livro de poemas "Crisálidas".
Em 12 de novembro de 1869 casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Esse casamento ocorreu contra a vontade da família da moça, uma vez que Machado tinha mais problemas do que fama. Essa união durou cerca de 35 anos e o casal não teve filhos. Carolina contribuiu para o amadurecimento intelectual de Machado, revelando-lhe os clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa.
Apresentação criativa
Questões de Vestibulares
1)Em relação ao foco narrativo, podemos afirmar que:
a)a narrativa é constantemente interrompida pelos comentários de Simão, o que faz dele o narrador da estória.
b)alternam-se no trecho narradores de primeira e terceira pessoas, prática comum na ficção realista.
c)o narrador é de primeira pessoa, onisciente.
d)o narrador constrói a sua narrativa a partir da leitura dos cronistas de Itaguaí, problematizando a noção de origem e a veracidade dos fatos narrados.
e)os cronistas da vila de Itaguaí são os verdadeiros narradores da estória, como pode ser percebido no início do texto.
2)O texto nos permite afirmar que:
a)Evarista recusava-se sistematicamente a submeter-se aos tratamentos de fertilidade propostos pelo marido.
b)Evarista não se empenhava no projeto de ter filhos, pois temia que o marido passasse a dedicar somente ao filho o pouco tempo livre de que dispunha.
c)Evarista negou-se a fazer uma dieta alimentícia especial, à base de carne de porco.
d)a devoção ao trabalho ajudou Bacamarte a esquecer um projeto frustrado em sua vida.
e)o tio de Simão Bacamarte admirou-se de o sobrinho ter escolhido como esposa a viúva de um juiz de fora.
3)O texto nos permite afirmar de Simão Bacamarte que:
a)mudou-se para Itaguaí por tratar-se de um lugar no Brasil onde ainda não havia nenhuma autoridade na área da patologia cerebral.
b)eclinou das ofertas do rei de Portugal, porque não correspondiam a suas expectativas de remuneração.
c)casou-se com Evarista aos quarenta anos, embora a achasse miúda e vulgar, pois via a sua falta de atrativos como um aspecto positivo.
d)passou a dedicar-se especificamente ao estudo das doenças mentais somente alguns anos depois de seu regresso a Itaguaí.
e)era dado a arroubos e explosões de temperamento no cenário doméstico, embora se mostrasse diferente em sua vida pública.
4)Simão Bacamarte se recolhe à Casa Verde:
a) para alcançar uma cura milagrosa.
b) por reunir em si a ciência e a loucura.
c) porque ameaçava a segurança pública.
d) posto que desconfiava das opiniões alheias.
e) pois contaminaria as pessoas com sua loucura.
5)Assinale V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmações.
( ) A compreensão do que é perfeito equilíbrio é a mesma para Simão Bacamarte e para a mulher e os amigos.
( ) As reações de Simão Bacamarte, nas passagens "alumiou-se a fisionomia do alienista de uma suave claridade" e "curvou a cabeça ( ... ) mais alegre do que triste", têm como causa, respectivamente, a descoberta e a confirmação do que ele buscava.
( ) A doutrina nova é resultado de uma pesquisa, na qual sujeito e objeto são o próprio Simão Bacamarte.
A seqüência correta é:
a) F - V - V.
b) F - V - F.
c) F - F - V.
d) V - F - F.
e) V - F - V.
6)No trecho "Ato contínuo recolhe à Casa Verde", a expressão grifada assegura que Simão Bacamarte:
a) retirou-se, sem demora.
b) decidiu-se após refletir bastante.
c) continuou a conversa antes de recolher-se.
d) dirigiu-se à Casa Verde, como de costume.
e) afastou-se indiferente à opinião dos amigos.
7)O alienista, publicado entre outubro de 1881 e março de 1882, é considerado um dos mais importantes contos de Machado de Assis. A partir da trajetória de Simão Bacamarte, protagonista da estória, Machado constrói um painel da sociedade brasileira de seu tempo, com seus valores, problemas e impasses. Tomando por base o fragmento selecionado, assinale a opção que melhor exprime a intenção do autor:
a)Valorização da ciência como caminho preferencial para a sustentação do atraso intelectual do país.
b) Ironia em relação aos critérios utilizados por Simão Bacamarte na escolha de D. Evarista como sua esposa e genitora de seus filhos
c) Apoio aos postulados do pensamento positivista e da ideologia do progresso defendidos por Simão Bacamarte.
d) Crítica aos hábitos culturais da vila de Itaguaí, em especial à alimentação, fator que contribuía para a dificuldade de D. Evarista em engravidar.
e) Exaltação do papel do médico como referência de desenvolvimento de uma sociedade.
Indicações de Links
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Bernardo Guimarães
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (Ouro Preto, 15 de agosto de 1825 — 10 de março de 1884) foi um romancista e poeta brasileiro, conhecido por ter escrito o livro A Escrava Isaura.
Biografia
É filho de João Joaquim da Silva Guimarães, também poeta, e de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães. Casou-se com Teresa Maria Gomes de Lima Guimarães, e tiveram oito filhos: João Nabor (1868-1873), Horário (1870-1959), Constança (1871-1888), Isabel (1873-1915), Affonso (1876-1955), José (1882-1919), Bernardo (1832-1955) e Pedro (1884-1948). Formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1847, e nesta cidade tornou-se amigo dos poetas Álvares de Azevedo (1831-1852) e Aureliano Lessa (1828-1861). Os três e outros estudantes fundaram a Sociedade Epicureia.
A poesia pré-surrealista
Na época em que participou da criação da Sociedade Epicureia, Bernardo Guimarães teria introduzido no Brasil o bestialógico (ou pantagruélico), que se tratava de poesia cujos versos não tinham nenhum sentido, embora bem metrificados. Usando do burlesco, o satírico e o nonsense, esta poesia faz de Bernardo Guimarães um precursor brasileiro do Surrealismo, conforme Haroldo de Campos[1], embora este ainda o considere um romancista medíocre. A maior parte dessa poesia não foi publicada porque era considerada pornográfica, e se perdeu. Para alguns críticos, como o citado Haroldo de Campos, o melhor do escritor seria o bestialógico. Um exemplo dessa produção (não-pornográfica) é o soneto Eu Vi dos Pólos o Gigante Alado.
Histórico das obras
Túmulo de Bernardo Guimarães no cemitério da Igreja de São José, Ouro Preto O seu livro mais conhecido é A Escrava Isaura. Foi publicado pela primeira vez em 1875, pela Garnier. Conta as agruras de uma bela escrava branca que vivia em uma fazenda do Vale do Paraíba, na região fluminense de Campos. O romance foi levado à tela da Rede Globo de Televisão em 1976 e em 1977 e à da Rede Record em 2004 (Ver Escrava Isaura (1976) e A Escrava Isaura (2004), respectivamente). A versão da Globo foi exportada para cerca de 150 países. Na China, protagonizada por Lucélia Santos, a Escrava Isaura foi assistida por mais de 1 bilhão de pessoas. Uma edição do livro naquele país teve pelo menos 300 mil exemplares. O romance é considerado por alguns críticos como antiescravista. José Armelim Bernardo Guimarães (1915-2004), neto do escritor, argumenta que, se a história fosse de uma escrava negra, não chamaria a atenção dos leitores daquela época para a questão da escravidão. O livro de Bernardo Guimarães mais bem aceito pela crítica é O seminarista, cuja primeira edição é de 1872. Permanece atual porque questiona o celibato dos padres. Conta a história de um fazendeiro de Minas Gerais que obriga o seu filho a ser padre. Eugênio, o filho, ama desde criança Margarida, filha de uma agregada da fazenda. Ele tenta abandonar o Seminário de Congonhas em Minas Gerais, mas o pai dele, o capitão Antunes, inventa que Margarida se casou. Eugênio se ordena. Mas ele se endoidece no dia em que volta a sua cidade para rezar a sua primeira missa e se depara, na igreja, com um cadáver, o da Margarida, que tinha estado muito doente. Duas das poesias mais conhecidas são consideradas pornográficas, embora não sejam do período bestialógico. Trata-se do O Elixir do Pajé e A Origem do Mênstruo. Ambas foram publicadas clandestinamente em 1875. Em 1852, tornou-se juiz municipal e de órfãos de Catalão (Goiás). Exerceu o cargo até 1854. Em 1858, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1859, trabalhou como jornalista e crítico literário no jornal Atualidade, do Rio de Janeiro. Em 1861, reassumiu o cargo de juiz municipal e de órfãos de Catalão. Foi quando, ao ocupar interinamente o juizado de Direito, Bernardo Guimarães convocou uma sessão extraordinária do júri, que liberou 11 réus porque a cadeia não estava em condições de abrigá-los. Em 1864, volta para o Rio de Janeiro. Em 1866, é nomeado professor de retórica e poética do Liceu Mineiro, de Ouro Preto. Em 1867, casa-se. Em 1873, leciona latim e francês em Queluz (Minas Gerais). Em 1881, é homenageado pelo imperador Dom Pedro II. Morre pobre em 10 de março de 1884.
A Escrava Isaura
1. Henrique e Leôncio vinham falando da beleza de Isaura. Chegou Malvina lembrando Leôncio da promessa que fizera de libertar Isaura conforme a vontade de sua falecida mãe. Leôncio levou-a para outra sala para tratar do assunto e Henrique começou a assediar Isaura. Ela, irritada, resistia e deixou escapar que já bastava as investidas do senhor Leôncio. Logo se arrependeu, Leôncio estava parado na porta, e Henrique o acusou de cuidar mais de Isaura que de sua irmã Malvina e aquilo causou grande discórdia na casa grande. Henrique saiu do salão furioso e desabafou para Malvina que seu marido era um miserável patife. A pobre moça caiu em prantos.
2. Malvina, magoada, passou a exigir que Leôncio libertasse Isaura ou tomasse qualquer providência pra que ela se afastasse. Mas ele dizia que ela era propriedade de seu pai e que ele pedia um preço exorbitante pela venda da escrava. Então chegou Miguel, o pai de Isaura, com a tal quantia para libertar a filha, mas Leôncio não queria tratar do assunto pois segundo ele estava a cargo de seu pai efetuar a venda. Não sabia até então do súbito falecimento de seu pai.
3. Isaura foi mandada para um galpão para tecer como as outras escravas, e lá foi alvo da inveja de Rosa, uma mulata que queria tomar o lugar de Isaura na Casa.
4. As mentiras da invejosa Rosa, deixaram Malvina desorientada e ela viu que seria impossível esperar que Leôncio se arrependesse e pedisse perdão . Decidiu partir para o Rio de Janeiro. Vendo-a partir, Isaura soube que estava tudo acabado, que Leôncio não exitaria em mandá-la para o pelourinho caso não aceitasse ficar com ele.
5. Sabendo da vida desgracenta que Isaura viria a ter, seu pai Miguel planejou uma Fuga.
6. Fugiram para o Recife, mudaram seus nomes para Elvira e Anselmo e foram encontrados no rio por Álvaro que logo se encantou pela moça. E ela, sentiu por ele a primeira e única paixão de sua vida.
7. Elvira e Anselmo eram muito reservados e discretos, mas Álvaro convenceu-os a ir ao baile. Numa saleta. Martinho lia no jornal uma notícia sobre dois escravos fugidos, logo identificou Elvira, com os sinais escritos no jornal.
8. Sem escapatória, Isaura confessou tudo para seu amado Álvaro e para sua surpresa, ele não se importou e estava disposto a protegê-la caso Martinho a entregasse.
9. Decidiu comprar a liberdade de Isaura, mas Leôncio estava implacável. Chega a polícia.
10. Martinho estava autorizado a prender a escrava. Álvaro ofereceu o dobro do preço para que Martinho dissesse que se enganara com uma moça que parecia ser Isaura.
11. Mas tarde demais, Leôncio não se convenceu e foi para o Recife esclarecer toda a história.
12. Descobriu Isaura na casa de Álvaro e mandou prender, ela e seu pai. Álvaro, abraçando-a sussurrou que a moça não desanimasse e que confiasse em Deus e no seu amor.
13. Leôncio e Malvina tinham feito as pazes e ele colocou Isaura e Miguel na mais rigorosa prisão. Malvina, moça boa, sentia compaixão por Isaura e propôs para o marido que diminuísse a pena de Isaura. Decidiu arrumar um marido para ela, e que este seria Belchior. Isaura sempre fora assediada pelo grotesco Belchior, o jardineiro da Casa Grande. Queria se casar com a escrava e libertá-la. Se Isaura aceitasse se casar com Belchior, teria a liberdade. Leôncio, para acabar com as esperanças de Isaura, mentiu dizendo que Álvaro havia se casado.
14. No dia do casamento, a felicidade de Leôncio acabou quando Álvaro chegou inesperadamente. Ele havia comprado todos os bens de Leôncio, pois este estava endividado e devia o dobro do que seus bens valiam.
15. Isaura ficou livre para ela e Álvaro viverem juntos e felizes. Leôncio não suportou a vergonha e o orgulho e se matou.
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Realismo
Em primeiro lugar, é importante distinguir os termos Realismo e Romantismo, nos dois sentidos que possuem em literatura.
Em sentido amplo, podemos considerar o Romantismo ( ênfase na fantasia ) e o Realismo ( ênfase no mundo real ) como as duas tendências básicas do fazer literário que sempre coexistem numa obra. É que a tensão entre fantasia e realidade caracteriza esse fazer. No entanto, uma das tendências invariavelmente predomina sobre a outra, de acordo com o momento histórico-cultural e literário em que a obra foi escrita.
Em sentido escrito, Romantismo são grandes correntes estético-Literárias que se desenvolveram ao longo do século XIX. O Realismo surgiu na segunda metade desse século, como oposição ao Romantismo, que se desenvolveu durante a primeira metade dele. Em que consiste tal oposição?
Enquanto o Romantismo se caracteriza fundamentalmente pela idéia de liberdade, entendida no sentido de libertação da subjetividade, dos sentimentos, da imaginação criadora e da fantasia, e portanto de libertação das regras clássicas que condicionavam a criação literária, o Realismo baseia-se nas idéias de racionalidade, objetividade e impassibilidade, propondo retratar fielmente a vida contemporânea (a sociedade burguesa e seus valores) para desnudá-la, criticá-la, transformá-la.
As propostas realistas exigem a possibilidade da representação figurativa e da descrição detalhista. Por isso, a nossa escola domina sobretudo as artes plásticas-pinturas e escultura- e a literatura.
Características do Realismo
v A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita "de dentro para fora", isto é por meio de uma análise psicológica capaz de abranger toda a sua complexidade, utilizando entre outros recursos a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar;
v Ênfase nas relações entre o homem e a sociedade burguesa, atacando suas instituições e seus fundamentos ideológicos: o casamento, o clero, a escravidão do homem ao trabalho como meio de "vencer na vida"; as contradições entre ricos e pobres, vistas da ótica dos "vencidos" (os marginais, os operários, as prostitutas etc.) e não dos "vencedores" etc.;
v O tratamento imparcial e objetivo dos temas garante ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração de suas próprias conclusões a respeito das obras.
Segunda Geração Romântica Brasileira
A segunda geração dos poetas românticos brasileiros é acometida pela mesma crise existencial da geração ultra-romântica portuguesa.Um emocionalismo excessivo e derramado, o tédio, a melancolia, o desespero são as marcas da poesia dos meados do século.A inadaptação à vida e à sociedade conduz a todas as formas de escapismo, às fantasias, ao sonho e ao culto da morte.A atitude mórbida do Ultra-Romantismo nos permite falar, também no Brasil, em um “mal do século”.
Os principais autores dessa escola foram três jovens poetas que morreram prematuramente:
· Luís José Junqueira Freire(1832-1855)
É o autor mais angustiado do Ultra-Romantismo.Aos dezoito anos, na tentativa de solucionar uma crise moral, tornou-se monge beneditino, mas, inadaptado à vida religiosa, abandonou o convento em 1854.Morreu do coração aos vinte e três anos.Sua obra poética, composta de dois livros, reflete as contradições e atribulações de sua vida: inspirações do claustro e Contradições poéticas.
· José Marques Casimiro de Abreu(1839-1860)
É um dos tantos poetas vitimados pela vida boêmia e pela tuberculose no século XIX.Produziu a poesia mais ingênua - ás vezes quase infantil - do Ultra-Romantismo; seus temas mais freqüentes são a saudade, a infância, a família, o amor platônico –e o medo do amor.Sempre muito sentimental, é dominado pelo pessimismo nos dois últimos anos de sua vida.Sua obra lírica está reunida no volume As primaveras, publicado em 1859.
· Manuel Antônio Álvares de Azevedo(1831-1852)
Álvares de Azevedo produziu a literatura mais consistente do Ultra-Romantismo, embora tenha tido, como seus colegas de geração, uma vida muito curta.Toda a sua obra escrita entre 1848 e 1852, período em que estudou na Faculdade de Direito de São Paulo, foi publicada postumamente e deu mostras da evolução artística do poeta.Sua criação poética foi reunida nos livros: Lira dos vinte anos; Poema do frade; Conde Lopo; Livro de Fra Gonticário.Os contos, em Noite na taverna.Escreveu também uma peça de teatro, Macário.
Características do Ultra – Romantismo
· Mal do século.
· Excessos do subjetivismo e do emocionalismo românticos.
· Irracionalismo.
· Escapismo; fantasia; culto da morte.
· Pessimismo.
“Oh! não proíbam pois ao meu retiro
Do pensamento ao merencório luto
A fumaça gentil por que suspiro.
Numa fumaça o canto d'alma escuto...
Um aroma balsâmico respiro,
Oh! deixai-me fumar o meu charuto!”
Álvares de Azevedo - Soneto
Do pensamento ao merencório luto
A fumaça gentil por que suspiro.
Numa fumaça o canto d'alma escuto...
Um aroma balsâmico respiro,
Oh! deixai-me fumar o meu charuto!”
Álvares de Azevedo - Soneto
Parodia
Um mancebo na erva se demora,
outro bêbedo passa noite e dia,
um tolo pr’o partido viveria,
um toca guitarra, e esse namora.
Um outro que uma gente má ignora
faz da “NET”, no fim, sua família,
outro toma solvente e se vicia...
Quantos moços perdidos vejo agora!
Oh! Não proíbam pois, no meu estudo
esses versos de ultrapassado ofício:
Velharias literárias que me meto.
N’uma balada um canto d’alma escuto,
de Azevedo invejo seu artifício!
Oh, deixai-me acabar o meu soneto.
outro bêbedo passa noite e dia,
um tolo pr’o partido viveria,
um toca guitarra, e esse namora.
Um outro que uma gente má ignora
faz da “NET”, no fim, sua família,
outro toma solvente e se vicia...
Quantos moços perdidos vejo agora!
Oh! Não proíbam pois, no meu estudo
esses versos de ultrapassado ofício:
Velharias literárias que me meto.
N’uma balada um canto d’alma escuto,
de Azevedo invejo seu artifício!
Oh, deixai-me acabar o meu soneto.
Álvares de Azevedo - Soneto
Parodia escrita por Marcelo Angelo
Conceito de literatura
Literatura é uma forte de arte, assim como a música, a dança, a escultura e a arquitetura. Ela se diferencia destes porque nos permite ter contato com as experiências do ser humano ao longo do tempo sem que seja necessário vivê-las novamente.